Autor: Waddy - Data: 15/06/2016 15:39

Comissões debatem crise na suinocultura e avicultura

"Gravidade da situação pode gerar desabastecimento", afirmou preocupado o deputado Arantes
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Os impactos do alto preço do milho e da soja e a falta de segurança no campo foram citados como os dois principais fatores para justificar a crise na suinocultura e avicultura mineira. Produtores e entidades civis pediram incentivos por parte do Governo Estadual em reunião conjunta das Comissões de Desenvolvimento Econômico e de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta terça-feira (14/6/16). Eles expuseram a situação crítica vivida pelos produtores e afirmaram que se não houver intervenções por parte do governo, pode haver desabastecimento no mercado.

Autor do requerimento para a audiência, o deputado estadual Antônio Carlos Arantes (PSDB) e presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico defendeu que esses segmentos da economia rural precisam de especial atenção, pois dependem diretamente do milho e da soja, produtos que têm sofrido altas no preço. “Do ano passado até hoje, os preços desses produtos quase dobraram e isso tem se tornado um empecilho para a suinocultura e avicultura, deixando o produtor em situação instável e negativa”, justificou o parlamentar.

Apesar de a alta nos preços ser prejudicial para a suinocultura e avicultura, Arantes fez questão de apontar o lado positivo desse fato. “Os produtores de milho e soja estão tendo a oportunidade de se recuperarem dos grandes prejuízos sofridos devido à seca que prejudicou praticamente três anos de produção e aos preços baixos do milho praticados até o ano passado. O que se espera é que o governo copie o que tem sido feito em outros estados, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. É preciso reduzir impostos do milho e da soja e dar incentivos fiscais aos suinocultores e avicultores”, afirmou Antônio Carlos.

Os produtores de leite estão enfrentando os mesmos problemas em função dos preços do milho e da soja. “Recebemos o apelo do presidente do Sindicato Rural de Lima Duarte, senhor Olivier. Segundo ele, a produção do município já chegou a 120 mil litros de leite por ano e agora caiu para 70 litros por ano. O custo de produção de um litro de leite chega a R$ 1,40 e o litro do produto é vendido por R$ 1,10. As contas não fecham e muitos produtores de leite estão abandonando a atividade por total falta de condições de sobreviver desse trabalho”, lamentou Arantes.

O deputado apresentou alguns requerimentos com o objetivo de buscar saídas para a grave crise do setor. Foram aprovados pedidos de visitas das duas comissões aos secretários de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento; de Fazenda; e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, para discutir a possibilidade de incentivos a suinocultores e avicultores. “Os números apresentados nesta audiência são de assustar. O problema é mais sério do que eu imaginava. O governo não vai poder ficar parado. E nós vamos cobrar”, disse Arantes após ouvir os representantes do setor.

Antônio Carlos disse que o Estado possui margem para cobrar menos impostos e incentivar o produtor rural. “São 60 mil granjas, 240 mil membros de famílias trabalhando, 230 mil empregos nas granjas, 120 mil empregos na indústria de transformação e 160 mil no comércio”. Os deputados Fábio Avelar Oliveira (PT do B) e Nozinho (PDT) foram enfáticos em pedir que o governo encontre alternativas para os agricultores e produtores rurais “não pagarem a conta”.

Segundo o parlamentar, o produtor tem feito a sua parte, mas o Estado tem deixado a desejar. “Em países desenvolvidos, o governo entra com recursos para fazer a complementação de renda do produtor em momentos de crise. Aqui no Brasil, o produtor não conta com a proteção do governo que, muitas vezes, mais atrapalha do que ajuda”, criticou Arantes.

 

Falta de segurança

 

O prefeito de Curvelo, Maurílio Guimarães, criticou a falta de segurança na área rural e a desconexão entre a população do campo e da cidade. “As pessoas precisam parar de achar que tudo vem do supermercado; esquecem a importância do campo. O homem do campo é quem está carregando o Brasil nas costas”, afirmou.

Os deputados endossaram a fala do prefeito. O deputado Fabiano Tolentino (PPS), presidente da Comissão de Agropecuária e Agroindústria, afirmou que muitos produtores têm sido roubados com frequência e não conseguem mais ter uma vida sustentável no campo, com segurança.

 

Representantes expõem gravidade da crise

 

O presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), Antônio Ferraz de Oliveira, citou perda, em média, de R$ 100 a R$ 120 por animal comercializado devido ao aumento do custo do suinocultor. “A suinocultura é uma das atividades mais importantes do estado. Enquanto o preço da carne de porco não foi impactado pela inflação acumulada, o milho aumentou 60% de janeiro a maio desse ano, em relação ao mesmo período do ano passado. O cenário é absurdo e temo que a maior parte dos produtores não resista a essa crise. É imprescindível a ajuda do governo para a compra dos grãos”.

O presidente da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), Antônio Carlos Vasconcelos Costa, chamou as cotações do milho e da soja de “estratosféricas e irreais” e disse ter certeza de que a oferta de carnes e ovos será impactada. “O capital de giro das empresas e produtores já não existe mais. O governo deveria criar uma ferramenta de controle das vendas futuras, para termos uma noção de como estará o mercado. O desequilíbrio produtivo prejudicará a todos, inclusive, futuramente, os vendedores de grãos. É preciso incentivar o plantio do milho, aumentar a produção para atender a demanda a preços mais razoáveis”.

O superintendente técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Altino Rodrigues Neto, reforçou que a entidade está trabalhando desde o primeiro trimestre para tomar medidas a favor dos produtores rurais, semelhantes às tomadas no Sul do País. “Eles diminuíram o ICMS na entrada do milho na região e reduziram a base de cálculo do ICMS de saída de suínos vivos para outros estados. Em março, a Faemg protocolou junto ao governo pedido de equiparação desses incentivos. Queremos evitar um desequilíbrio”, explicou.

A gerente técnica da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (OCEMG), Bárbara Barroso Vieira, falou do drama vivido por alguns avicultores. “É grande o impasse enfrentado pelos produtores, já que o acesso ao crédito para pagar as contas e regularizar a situação está bastante dificultado. As granjas estão enfrentando muitas dificuldades para fechar cada mês”, expôs.

 

Críticas à fiscalização

 

Representantes das entidades criticaram a atuação do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) junto aos produtores rurais. Falando pela Superintendência de Agricultura em Minas Gerais, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Nelson Guedes defendeu a atuação da instituição. “Sempre estivemos abertos ao diálogo. Muitas vezes a legislação e a fiscalização enfrentam dificuldades de acompanhar as mudanças. Mas estamos sempre discutindo e orientando. A boa fiscalização não é exercer a lei fria, escrita. Há necessidade de contato, orientação. Mas a fiscalização é indispensável porque alguns empresários abusam e colocam em risco a segurança alimentar”.

A coordenadora de sanidade do IMA, Júnia Mafra, chegou faltando pouco para o término da reunião e rebateu as críticas dizendo que as fiscalizações realizadas seguem a legislação vigente. “Minas é o quarto maior produtor de suínos do país. O objetivo de todos nós é preservar isso”, ressaltou.











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