Autor: Carlos Alberto - Data: 25/10/2016 23:00

Estudantes planejam "travar" as secretarias de escolas estaduais em Guaxupé

A decisão ocorreu após assembleia de alunos realizada na Praça da Saudade
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Alunos de escolas estaduais, em Guaxupé, planejam “travar” as secretarias das instituições, em manifesto contra a Proposta de Emenda Constitucional 241, cujo objetivo é limitar as despesas do governo federal, com cifras corrigidas pela inflação, por até vinte anos. Ainda em processo de votação por parte do Congresso Nacional, a referida iniciativa partiu do presidente Michel Temer e tem dividido opiniões pelo País. Da camada contrária à PEC, protestos têm se desencadeado em distintos pontos, sendo que ocupações em entidades de ensino já ocorreram por mais de mil localidades. No município guaxupeano, porém, o “movimento estudantil” abriu mão de paralisar as aulas, mas já avisou que fará de tudo para impedir o funcionamento dos secretariados.

A decisão de fechar as secretarias das escolas foi tomada na manhã desta segunda-feira, após assembleia realizada na Praça da Saudade, com a participação de cem alunos, aproximadamente, e o apoio de professores. “A gente decidiu fazer uma ocupação aberta. A gente vai travar a secretaria para que as notas não cheguem ao Governo. A gente trava tudo e terá o mesmo efeito de uma ocupação fechada, mas não vai prejudicar, por exemplo, aos alunos do Fundamental, os quais, muitas vezes, nem sabem o que está acontecendo; os pais deles têm que deixá-los na escola, pois trabalham e não têm outro lugar para as crianças ficar. Creio que não terá resistência por parte do pessoal da secretaria, pois já comunicamos a eles, anteriormente, mais ou menos o que pretendíamos. E a gente está lutando pelos direitos deles também, sabe?!”, informou a aluna Nívea da Rocha Peixoto, uma das líderes da mobilização.

Nas escolas estaduais, onde o Jornal JOGO SÉRIO buscou informações, dirigentes sinalizaram pela imparcialidade: no “Poli”, a diretora Rosa Maria afirmou que a direção não participa de nenhum dos movimentos já ocorridos sobre este tema. Mais do que isto, a educadora deixou claro que as aulas continuarão normalmente e a secretaria, pelo menos do Poli, não será fechada, como pretendem os manifestantes. “Estamos instruindo os alunos no que diz respeito ao conteúdo e os impactos da PEC. Contudo, nossa participação não passa disso, haja vista que eles têm o direito de protestar. O que precisa ficar clara é a imparcialidade desta diretoria, que em momento algum aderiu a protestos ou incentivou os alunos a se mobilizarem”, limitou-se Rosa Maria, que não quis gravar entrevista.

Também no Ginásio Estadual, o diretor Ernani Pereira acredita que não haverá atos mais concretos, como as ocupações ocorrentes pelo País: “Aqui, no Ginásio, que eu saiba, não haverá ocupação. Quanto a trancar a secretaria, isto não resolve, pois as notas somente vão à Secretaria no final do ano. O que pode acontecer é atrasar o calendário escolar, estes alunos dos 3ºs anos não se formar até 14 de dezembro e isto se esticar até, talvez, o ano que vem. Atrapalha para eles, que estão pensando em prestar o ENEM e vestibulares. Eles têm que pensar bem! A primeira coisa que farei é chamar a Polícia Militar, registrar boletim de ocorrência e entregar a responsabilidade da escola nas mãos deles. Vou pedir a desocupação imediata e, aí, é com eles, que farão o possível para desocupar a escola. Se vão entrar em conflito e atrito com estes alunos, não sabemos o que pode acontecer”, posicionou-se o dirigente.

 

CONTRA E A FAVOR...

Conforme o Jornal JOGO SÉRIO tem divulgado desde o início, estudantes e alguns professores do Polivalente e da Escola Estadual Dr. Benedito Leite Ribeiro (Ginásio) têm externado sua contrariedade à PEC 241 desde a semana passada. Primeiro, na manhã de 21 de outubro, fizeram passeada, do “Poli” até os semáforos da Avenida Dona Floriana e, na sequência (neste sábado último), concentraram-se nas imediações da Igreja Catedral e, por último, na Praça da Saudade. Também nas redes sociais, o assunto tem rendido longas e calorosas discussões, haja vista que estudantes estão sendo taxados de serem usados por professores contrários ao Governo Temer: “Bando de zumbis! Estes professores de esquerda querendo impor estas ideias socialistas nos nossos filhos! Ninguém vai tirar o direito de minha filha de assistir aula, é um direito dela! Vão estudar a PEC primeiro!”, reclamou a cidadã Eliana Ferreira Rodrigues. “Quanta hipocrisia!!! Ano passado, pessoas saíram às ruas com a camieta da Seleção e tido normal. Hoje, jovens não podem estudar e discutir modificações que tudo fica errado... fora da ordem... pelo que me lembro, o Brasil ainda é uma república democrática e, ainda, nenhum direito foi rompido”, opinou o professor Ernani Domingues.

 

 

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