Autor: Carlos Alberto - Data: 23/01/2019 15:47

Estado já deve, só em 2019, mais de R$ 1 milhão para Guaxupé, que cancela Carnaval para garantir o início das aulas

O secretário Buléd e os diretores Cassiano Silva e Angélica Prado ficaram chateados, mas reconhecem a necessidade de contenção, em meio às incertezas de repasses por parte do Estado
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A Prefeitura de Guaxupé não realizará as festividades de Carnaval este ano. A decisão, tomada pelo prefeito Jarbas Correa Filho (Jarbinhas), em reunião com todo o seu secretariado, foi confirmada em entrevista coletiva, nesta tarde de quarta-feira, 23 de janeiro, com o secretário municipal de Cultura, Esporte e Turismo, Marcos Alexandre Costa Buléd. Visivelmente chateado, haja vista o alto nível das Festas de Momo promovidas nos últimos anos, pelo poder público municipal, o referido gestor reconheceu que a falta de repasse de verbas, por parte do Governo de Minas, tem prejudicado o bom andamento financeiro/econômico das cidades. Sendo assim, optou-se por priorizar a volta às aulas em vez da festança popular de fevereiro próximo. Por outro lado, Marquinhos garantiu que os esforços em torno do “Guaxupé Café Festival” e do “Natal de Luz 2019” serão maiores ainda.

“Nos últimos meses, temos enfrentado uma falta de repasse de verbas por parte do governo estadual, o que está prejudicando muito o funcionamento da máquina pública. Em setembro, entregamos, à Câmara, o planejamento orçamentário para 2019, onde constava, bem dividido, o Carnaval, o aniversário da cidade e o Natal. No caso do Carnaval, deixamos um investimento de R$ 370 mil, entre ‘fontes 100’ e do ICMS de verba carimbada, que é do Turismo e da Cultura. Desde 10 de dezembro, entregamos ao prefeito o pré-projeto do Carnaval, com uma série de bandas e toda uma estrutura, dentro dos R$ 370 mil do Orçamento. Porém, na primeira semana de janeiro, identificamos que era melhor continuar planejando, mas aguardando as primeiras semanas do governo estadual, para analisarmos o retorno dos repasses de recursos. Só o governo passado ficou devendo R$ 17 milhões para Guaxupé! E até o dia de ontem, nosso novo governador postou uma matéria dizendo que regularizará os repasses da gestão dele, de 2019, que em Guaxupé são em torno de R$ 1 milhão! Eu, nisto tudo, tenho o orçamento, mas não conto com os depósitos, além desta inadimplência, de R$ 1 milhão. Com tudo isto, ao término de uma nova reunião, ontem à noite, com o prefeito, definimos cancelar o carnaval deste ano”, detalhou Buléd.

O cancelamento do Carnaval, que já é definitivo, mesmo que haja o retorno das verbas estaduais, causará um impacto negativo à cultura local. Por outro lado, segundo o secretário de Cultura, isto não representará muito, do ponto de vista econômico: “O impacto cultural não é legal, pois trata-se da maior festa cultural do País. Em termos de finanças, dos três grandes eventos, é o de menor monta. O Natal de Luz deu quase 20% de investimento no comércio da cidade e o Festival do Café apresentou uma margem de 8% de investimento de pessoas, que vieram à cidade e gastaram seu recurso próprio. O carnaval tem menor retorno à cidade, pois temos grandes eventos privados na região, como Muzambinho, que é de um bloco privado; e o de Monte Santo também. Então, quase todos os universitários vão para estas regiões, onde o investimento maior acontece”, analisou o gestor.

Responsável pela realização de carnavais famosos, com estrutura invejável e qualidade artística de nível nacional, Marcos Buléd admitiu sua tristeza por não realizar o evento este ano. Porém, manifestou coerência ao mencionar a crise motivada pela falta de recursos: “Frustração! Estava comentando com o Paulo Rogério, da comunicação social da Prefeitura, que normalmente reúno a imprensa para dar informações positivas, de eventos, de realizações. E hoje, é a segunda vez que noticio algo triste, pois divulguei o adiamento, no ano passado, do Café Festival, e, agora, sobre o cancelamento do Carnaval. Podem ter certeza de que eu, o Cassiano e a Angélica lutamos até o último minuto pelo Carnaval”, explicou Marcos.

 

Nada de “meia-boca”

Por outro lado, a Cultura Pública guaxupeana entende que não deva fazer um evento de pouca expressividade, uma vez que terá de gastar dinheiro do mesmo modo: “Ter o Carnaval, com um palco e shows inferiores, custará os mesmos R$ 400 mil, pois o que encarece é palco, som e iluminação, pois nesta época as empresas triplicam o valor, pois a procura é muito maior. Por exemplo, o palco do Festival do Café, que era duas vezes maior do que o do Carnaval de 2018, custou muito mais barato, pelo preço e a época da data. Outra informação: no Carnaval, como são cinco dias, mais sai recurso do que entra na cidade. A gente sai daquele formato de 2014, quando fizemos um carnaval de R$ 1 milhão, que foi o maior gratuito, conforme o UOL, para ter o Festival do Café e o Natal de Luz. Outro formato, terminando meia-noite, foi aceito pela sociedade, para as famílias, mas gera os mesmos R$ 400 mil.  Enfim, orçamentariamente nós temos, mas financeiramente, neste momento, não! Então, optou-se, em conjunto, por dar início às aulas agora, em fevereiro, do que correr o risco de ter o Carnaval e não ter como pagar posterior”, disse o secretário municipal.

 

Natal de Luz e Guaxupé Café Festival confirmados... caso as verbas normalizem

De acordo com Buléd, tanto o “Natal de Luz” quanto o “Guaxupé Café Festival” estão confirmados. Porém, tratam-se de duas realizações também dependentes de recursos volumosos, cuja boa parte vem do Estado: “Estão confirmados, desde que se regularizem todas as questões financeiras. Eu não acredito que um governador novo manterá a falta de repasse de recursos, até porque tem aí trinta dias de governo. Nós já trabalhamos internamente para o Festival do Café. Mas, é o início de um projeto, com seis meses de antecedência. Os próximos meses do governo estadual nos dirão o que ocorrerá. O Natal de Luz ocorrerá, pois trata-se de um decreto-lei municipal, que precisa acontecer. Pelo Festival do Café, vamos lutar, pois é um evento que deu certo e que traz, culturalmente, a história de nossa cidade”, disse Buléd, que durante a entrevista coletiva, dada em sua sala, nesta tarde, foi elogiado por internautas, por conta da decisão de cancelar o Carnaval e dar mais atenção ao início do ano letivo, entre outras prioridades.

 

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