Autor: Carlos Alberto - Data: 01/03/2019 09:59

Indiferença da sociedade continua sendo uma das maiores barreiras para as mães de crianças autistas

Vania Ribeiro e Glatieris Madeira conversaram com o repórter Carlos Alberto, do JOGO SÉRIO, sobre suas missões junto aos filhos e a sociedade
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O “Grupo de Integração, Reunião e Apoio às Famílias dos Autistas” foi criado em Guaxupé por mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista, com o objetivo de gerar informação e combater o preconceito. Constituída por voluntárias, a entidade está sediada no Jardim Planalto, onde as genitoras trocam experiências e se fortalecem na tarefa de encontrar o reconhecimento e a aceitação, por parte da sociedade, à causa de seus pequeninos. Nesta matéria, o público do Jornal JOGO SÉRIO testemunhará que, de fato, a população está bastante alheia ao tema e isto provoca um prejuízo muito grande não só aos portadores de TEA, mas também a seus familiares, que convivem entre a esperança e a revolta.  

“O Girafa é um grupo de mães, que buscam a conscientização da sociedade, pois nossas crianças têm uma forma diferente de ver, sentir e interpretar o mundo. E isto, às vezes, é visto como uma má educação e, por enfrentarmos problemas no cotidiano, acabamos nos encontrando nos terapeutas, pois mães de crianças consideradas ‘normais’ se encontram nas festas de aniversário, no parquinho, no shopping, mas nós nos encontramos na fonoaudióloga, na terapia ocupacional, no fisioterapeuta e, aí, percebemos que a angústia de uma era a mesma da outra, que também se semelhava às demais e, sendo assim, nos unimos e revolvemos lutar”, explicou a professora Glatieris Madeira, uma das responsáveis pela criação do grupo.

Conforme a ciência, o autismo é caracterizado por um comprometimento das interações sociais, que resulta numa vida mais restrita, repetitiva, com ou sem comunicação verbal. Ainda bem recente, trata-se de um transtorno bastante impopular, embora o número de diagnósticos tenha aumentado muito. Em meio a tantos mistérios, as mães garantem que os tratamentos médicos e o processo de evolução são menos complicados do que a indiferença da população: “O principal objetivo é o acolhimento emocional, pois a família, quando está em processo de receber diagnóstico ou quando o recebe, fica perdida. Então, o Girafa ajuda a aceitação, o entendimento e mostra a estas famílias que não estão sozinhas e que isto não tem que ser uma sentença”, informou Vânia Ribeiro Silva, também da direção do Grupo. “O autismo não é visível aos olhos. Quando deparamos com uma criança com deficiência física ou alteração genética, as pessoas têm um determinado tratamento. Mas, quando saímos com nossos filhos e eles apresentam comportamento atípico, as pessoas nos condenam, nos tratam mal. Uma vez, num consultório médico, uma mãe estava com sua filha, autista, que fazia barulho, e a secretária queria que a criança ficasse quieta. Para nós, é como se chegássemos a uma mãe de um cadeirante e falássemos: ‘Fale para esta criança se levantar e andar!’”, desabafou Glatieris.

Apesar das contrariedades encontradas, as integrantes do Girafa apontam para suas missões e passam por cima do preconceito: “Temos um lema, que é ‘autismo: conhecer para respeitar!’. Então, esperamos que a sociedade se informe, pois queremos trazer o autismo para a discussão junto dela. Aliás, os casos estão aumentando e a população precisa entender isto. As pessoas não são obrigadas a saber que há um distúrbio destes, tão amplo, com vários níveis, pois cada autista é de um jeito. Então, não queremos brigar, mas levar informação e que nossas crianças sejam respeitadas”, enfatizou Glatieris. “O diagnóstico é o mesmo, mas cada um é afetado numa área. Às vezes, uma criança é verbal, outra não! Enfim, a sociedade precisa ter este conhecimento, uma vez que para a própria comunidade médica, o autismo é novo. Estou em contato com este mundo há seis anos, sendo que neste período a classificação do autismo já mudou três vezes. A gente sabe que é uma alteração genética, mas de onde vem? É hereditário, é um trauma, o que é? A única coisa que todos concordam é que estas crianças precisam ser estimuladas, tratadas e trabalhadas, pois elas podem, elas aprendem!”, finalizou Vânia. CLIQUE AQUI e assista a uma vídeo-entrevista sobre este tema!!!

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