Autor: Carlos Alberto - Data: 31/05/2020 12:19

Vou chorar sua "negrice" e levantar de novo para comemorar a beleza de minha negritude

Editorial relativo ao assassinato de homem negro, por algoz branco, nos EUA, nesta semana
Facebook Twitter LinkedIn Google+ Addthis Vou chorar sua

Pessoas de diferentes partes dos EUA promovem, desde esta quarta-feira, 27 de maio, um verdadeiro "quebra-quebra" depois que o policial branco, Derek Chauvin, em Minneapolis, asfixiou o negro George Floyd com o joelho sobre o pescoço do cidadão, que morreu pouco após ser hospitalizado. O caso, embora extremamente revoltante, desumano e inaceitável, não é novidade nem lá, nem cá! Sim, pois a história mostra que o racismo mora tanto dentro dos corações de muitos norte-americanos, mas também de brasileiros, europeus, asiáticos e, pasmem, até de africanos.
Os protestos, que já entram no 5º dia, só refletem a indignação das pessoas para com a falta de valores sociais, a injustiça exacerbada, a desigualdade cada vez maior e uma desesperança sem fim. "Chega!", gritaram negros, brancos, amarelos e tantos mais que engrossam as manifestações contrárias à forma covarde com que George foi morto. Antes dele, sabe-se lá quantos mais se submeteram a torturas, constrangimentos e homicídios horrendos?! Assassinatos que vão "para debaixo do tapete", pois o racismo estrutural no mundo todo faz com que uma vida, embora ofertada por Deus, valha mais ou menos em função da cor da pele, a origem e a posição social de uma pessoa na comunidade onde ela vive.
"George, de que forma você ficou famoso, hein, meu caro irmão? Precisou agonizar sob o joelho de um homem branco, despreparado à função que lhe foi dada, para adentrar a história?!". Também nos EUA, em 1991, quatro policiais, dos quais três eram brancos, mataram a pancadas o negro Rodney King, em Los Angeles; em 2010, Trayvon Martin, de apenas 17 anos, desarmado, morreu a tiros por um vigia branco, na Flórida; no ano de 2014, em Nova York, o negro Erik Garnen morreu sufocado por uma gravata aplicada por um policial... branco!
Estes são apenas pouquíssimos casos da história de dor vivida por tantos "pretos" americanos, mas imaginem quantos outros sofreram barbaridades e não tiveram seus episódios registrados por santas câmeras de vídeo, não é? E sobre isto, após a revolta geral, o presidente Donald Trump, outro visível anti-Cristo, ameaçou soltar cães ferozes nos manifestantes! É, mas este "luxo" de truculência e insanidade não é só do "Tio Sam", meu amigos! Já se esqueceram do desdém com que foi tratada a morte do músico brasileiro Edvaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, fuzilado por homens do Exército em abril do ano passado, na Zona Norte do Rio? Ah, se formos falar dos casos de racismo no Brasil, aí este editorial precisará ter páginas infinitas, pois a cada minuto deparamos com esta falência da sociedade!
Então, o preconceito racial que assola as vidas de tanta gente no mundo continua vivo! E isto não acontece apenas quando um negro indefeso é morto a tiros, sufocado ou seja lá de que forma for! Vale também para as vezes em que ele não é aceito em escolas, clubes sociais, estabelecimentos comerciais, instituições religiosas, etc. O racismo está "vivão e vivendo" nas vezes em que um branco alcança degraus mais altos da vida social só porque o outro candidato, apesar de bem mais competente, tem a pele escura e mora na periferia. Sim, a "morte a negros" está contida naquela piadinha "sem graça", que é tão sem graça mesmo, mas vai lá dentro do coração de um irmão de ele escura.
O que ameniza um pouco só a esse "mar de sangue e lágrimas" é a fé de que os negros, mesmo debaixo de tantos bombardeios, sobrevivem e se fortalecem. Trata-se de uma raça oprimida, mas que chora cinco minutos, pois no 6º já enxugou as lágrimas e foi à luta! Assim será sempre! Por isto, todas as vezes que ouvirem falar de cidadãos como Barack Obama, ex-presidente dos EUA, Dandara dos Palmares, escrava guerreira que recusou-se servir aos "senhores"; Machado de Assis, nosso escritor negro e amado; Marcelo "Peixão", grande líder comunitário em Guaxupé, entre muitos outros, saibam que nunca, nunca conseguirão afogar o brilho dos negros, pois ele é infinito!
Enfim, que Maria Santíssima, na figura da negra mais poderosa do País: Nossa Senhora Aparecida, esteja nos corações de todos os sofredores em mais este capítulo de maldade, representado pela partida de George Floyd. Mas que Ela adentre também os espíritos de todos que se acham superiores por causa de sua origem branca! Estes, na verdade, são os que mais precisarão da misericórdia de Cristo, pois quando perceberem que seus pensamentos e condutas só os impediram-lhes de evoluir enquanto espíritos, será muito doloroso. Vou agora chorar meus cinco minutos, pois no próximo segundo já me levantarei de novo para lutar pela negritude, comemorar a negrice que me põe vivo e saudar a todos os filhos de Deus, independente de sua raça, credo, opção sexual e, por aí vai. Um grande "salve" a todos neste domingo de aprendizado. - Carlos Alberto - Jornal JOGO SÉRIO 31/05/2020! 

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.







Quem Somos

Redação: R. Dr. Joaquim Libânio, nº 532 - Centro - Guaxupé / MG.
TELs.: (35) 3551-2904 / 8884-6778.
Email: jornaljogoserio@gmail.com / ojogoserio@yahoo.com.br.