Autor: Carlos Alberto - Data: 09/11/2021 12:09

CLN2, conhecida também como doença de Batten, pode levar à morte na primeira década de vida

Diagnóstico precoce e acesso à medicação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são os principais desafios de pacientes e familiares para frear a evolução natural da doença
Facebook Twitter LinkedIn Google+ Addthis CLN2, conhecida também como doença de Batten, pode levar à morte na primeira década de vida
 A jornada de um paciente para obter um diagnóstico correto e preciso nem sempre é curta. Quando se trata de uma doença rara, o caminho pode ser ainda mais longo e, geralmente, não termina com os resultados dos exames. A partir da definição da enfermidade, os pacientes e familiares começam uma nova trajetória: a do tratamento. Segundo o Ministério da Saúde, há 13 milhões de brasileiros convivendo com uma das cerca de 7 mil doenças raras descritas pelo órgão. Para 95% dos casos, não existe terapia disponível. (1) Para os demais, o tempo é fator determinante. Na lipofuscinose ceroide neuronal do tipo 2 (CLN2, sigla em inglês), uma forma de Doença de Batten, por exemplo, que se manifesta ainda na infância, sem o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, a criança pode morrer ainda na primeira década de vida.

"Muitas vezes, quando há um diagnóstico genético, podemos ter uma condição em que a doença não progrida, mas não é o caso da CLN2. Um dos sinais mais marcantes, que faz com que os pais busquem auxílio médico, é quando o paciente começa a ter crises convulsivas. Desde a primeira crise convulsiva até o diagnóstico, um paciente leva cerca de um ano ou mais. Isso compromete muito seu desenvolvimento e inicia o processo de regressão de marcos de desenvolvimento, fazendo com que ele perca a capacidade total de falar e caminhar, evoluindo para um quadro de epilepsia refratária, quando já temos o avanço da doença neurológica", explica a médica geneticista Dra. Carolina Fischinger.

É o caso de F.M., 5 anos, filho de Joline Patricia Trindade e Bruno Marinho. "F. teve um desenvolvimento completamente normal até os 3 anos, quando teve a primeira convulsão, em outubro de 2019. Em dezembro de 2020, devido a uma virose, teve uma febre alta e outra convulsão, que foi associada à infecção. Em janeiro deste ano, ele teve a terceira crise e, então, procuramos uma neuropediatra. Ela acreditou que fosse epilepsia e prescreveu uma medicação para controlar. Ele ficou bem até junho, quando começou a apresentar quedas frequentes, perda de tônus e déficit na fala. Retornamos à neuropediatra, ela aumentou a dose da medicação, que hoje sabemos que não é indicada para a doença de Batten, e F. piorou muito rápido. Em cerca de 3 dias, ele não conseguia mais andar sem cair", revela o pai.

Após a piora, a medicação foi trocada e, então, foi solicitado um teste genético para saber se as crises de epilepsia eram por causa de uma mutação genética. "Mas, em meio ao desespero de vê-lo assim, procuramos outra neuropediatra para ter uma segunda opinião. Já na terceira mudança de medicamento, ele começou a melhorar, ficou estável e pensamos que havia ficado tudo bem. Até que, no final de agosto, saiu o resultado do painel genético com um resultado sugestivo para CLN2, mas inconclusivo, pois a mutação apresentada no gene nunca havia sido catalogada no mundo", conta Patricia.

A CLN2 é um dos 14 tipos conhecidos de lipofuscinose ceroide neuronal. Trata-se de uma doença hereditária, rara, com incidência de 1 para cada 200 mil nascidos vivos. (2) As CLNs são causadas por alterações genéticas envolvendo diferentes genes, que são incapazes de produzir as proteínas necessárias para o metabolismo de moléculas cerebrais. Como resultado, as células cerebrais (neurônios) sofrem danos progressivos e isso leva ao desenvolvimento de sintomas de acordo com cada faixa etária do paciente, sendo o atraso da linguagem e crises epilépticas, seguidos por perda de habilidades motoras e cognitivas já adquiridas, as primeiras manifestações clínicas da CLN2. (2)

"Quando temos a hipótese do diagnóstico e, posteriormente, a confirmação por meio da análise genética ou quantificação da enzima, explicamos o diagnóstico aos pais. Qualquer família que pesquise a CLN2 ou Doença Batten na internet vai ver alguns casos reportados e, mesmo ainda estando diante de uma criança que está correndo e brincando, vai saber que, em um ou dois anos, a condição será diferente", esclarece Dra. Carolina.

Ainda de acordo com a médica, embora seja um momento delicado, a situação era mais difícil antigamente, quando não havia opções terapêuticas. "Hoje temos essas possibilidades, então vem a notícia ruim do diagnóstico, mas vem também a notícia boa de que existe um tratamento para essa condição. Apesar de ainda não estar na lista de medicamentos e tratamentos fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é possível consegui-lo por judicialização. Entretanto, essa é uma jornada bastante dolorosa para a família porque é uma corrida contra o tempo. Sabemos que é uma doença que vai progredir e temos que agir rápido para não perdermos a capacidade de atuar terapeuticamente, enquanto o paciente tem poucos sintomas.", esclarece a especialista. A farmacêutica BioMarin submeteu em junho à CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) a incorporação do único tratamento disponível ao SUS e aguarda avaliação. "Por esses pacientes e famílias esperamos que o parecer seja favorável pois essa doença não espera e pode evoluir rapidamente para a morte" comenta a especialista.

No caso de F., até conseguir acesso ao tratamento, a doença teve um avanço considerável. "Antes de iniciar com a medicação, ele já não andava, falava pouquíssimas palavras e com muita dificuldade. Já não conseguia sentar e não tinha mais o controle do pescoço, além de sofrer com incontáveis crises de ausência, diariamente. Teve que fazer uma cirurgia para colocar uma sonda gástrica, pois já não conseguia se alimentar pela boca. Após a primeira dose, ele já conseguiu passar da posição de deitado para sentado sozinho, melhorou o controle do pescoço, teve uma leve melhora da fala e diminuição do número de crises. Na segunda dose, com auxílio, já conseguiu ficar de pé e dar alguns passos, mesmo que com bastante dificuldade. Também começou a ingerir alguns alimentos e voltou a beber água", comemora Marinho.

Agora na terceira dose da medicação e percebendo a melhora de F., a família está esperançosa. "Ele é uma criança incrível e tem uma vontade de viver absurda. Nós o amamos infinitamente e cada pequeno avanço que ele tem é gigante para nós. Faremos todo o possível para que consiga melhorar cada vez mais", finaliza Marinho.

Este material não tem caráter promocional e busca, unicamente, apresentar ao público em geral informações científicas relativas a doenças e/ou saúde. BioMarin não é responsável pelo conteúdo disponibilizado em site de Terceiros. Informações médicas: medinfola@bmrn.com. MMRCL-CLN2-00180. Novembro/2021

Referências
1. Biblioteca Virtual em Saúde - Ministério da Saúde
2. Claussen M, Heim P, Knispel J, Goebel HH, Kohlschütter A. Incidence of neuronal ceroid-lipofuscinoses in West Germany: variation of a method for studying autosomal recessive disorders. American Journal of Medical Genetics. Disponível em: link
 A jornada de um paciente para obter um diagnóstico correto e preciso nem sempre é curta. Quando se trata de uma doença rara, o caminho pode ser ainda mais longo e, geralmente, não termina com os resultados dos exames. A partir da definição da enfermidade, os pacientes e familiares começam uma nova trajetória: a do tratamento. Segundo o Ministério da Saúde, há 13 milhões de brasileiros convivendo com uma das cerca de 7 mil doenças raras descritas pelo órgão. Para 95% dos casos, não existe terapia disponível. (1) Para os demais, o tempo é fator determinante. Na lipofuscinose ceroide neuronal do tipo 2 (CLN2, sigla em inglês), uma forma de Doença de Batten, por exemplo, que se manifesta ainda na infância, sem o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, a criança pode morrer ainda na primeira década de vida.

"Muitas vezes, quando há um diagnóstico genético, podemos ter uma condição em que a doença não progrida, mas não é o caso da CLN2. Um dos sinais mais marcantes, que faz com que os pais busquem auxílio médico, é quando o paciente começa a ter crises convulsivas. Desde a primeira crise convulsiva até o diagnóstico, um paciente leva cerca de um ano ou mais. Isso compromete muito seu desenvolvimento e inicia o processo de regressão de marcos de desenvolvimento, fazendo com que ele perca a capacidade total de falar e caminhar, evoluindo para um quadro de epilepsia refratária, quando já temos o avanço da doença neurológica", explica a médica geneticista Dra. Carolina Fischinger.

É o caso de F.M., 5 anos, filho de Joline Patricia Trindade e Bruno Marinho. "F. teve um desenvolvimento completamente normal até os 3 anos, quando teve a primeira convulsão, em outubro de 2019. Em dezembro de 2020, devido a uma virose, teve uma febre alta e outra convulsão, que foi associada à infecção. Em janeiro deste ano, ele teve a terceira crise e, então, procuramos uma neuropediatra. Ela acreditou que fosse epilepsia e prescreveu uma medicação para controlar. Ele ficou bem até junho, quando começou a apresentar quedas frequentes, perda de tônus e déficit na fala. Retornamos à neuropediatra, ela aumentou a dose da medicação, que hoje sabemos que não é indicada para a doença de Batten, e F. piorou muito rápido. Em cerca de 3 dias, ele não conseguia mais andar sem cair", revela o pai.

Após a piora, a medicação foi trocada e, então, foi solicitado um teste genético para saber se as crises de epilepsia eram por causa de uma mutação genética. "Mas, em meio ao desespero de vê-lo assim, procuramos outra neuropediatra para ter uma segunda opinião. Já na terceira mudança de medicamento, ele começou a melhorar, ficou estável e pensamos que havia ficado tudo bem. Até que, no final de agosto, saiu o resultado do painel genético com um resultado sugestivo para CLN2, mas inconclusivo, pois a mutação apresentada no gene nunca havia sido catalogada no mundo", conta Patricia.

A CLN2 é um dos 14 tipos conhecidos de lipofuscinose ceroide neuronal. Trata-se de uma doença hereditária, rara, com incidência de 1 para cada 200 mil nascidos vivos. (2) As CLNs são causadas por alterações genéticas envolvendo diferentes genes, que são incapazes de produzir as proteínas necessárias para o metabolismo de moléculas cerebrais. Como resultado, as células cerebrais (neurônios) sofrem danos progressivos e isso leva ao desenvolvimento de sintomas de acordo com cada faixa etária do paciente, sendo o atraso da linguagem e crises epilépticas, seguidos por perda de habilidades motoras e cognitivas já adquiridas, as primeiras manifestações clínicas da CLN2. (2)

"Quando temos a hipótese do diagnóstico e, posteriormente, a confirmação por meio da análise genética ou quantificação da enzima, explicamos o diagnóstico aos pais. Qualquer família que pesquise a CLN2 ou Doença Batten na internet vai ver alguns casos reportados e, mesmo ainda estando diante de uma criança que está correndo e brincando, vai saber que, em um ou dois anos, a condição será diferente", esclarece Dra. Carolina.

Ainda de acordo com a médica, embora seja um momento delicado, a situação era mais difícil antigamente, quando não havia opções terapêuticas. "Hoje temos essas possibilidades, então vem a notícia ruim do diagnóstico, mas vem também a notícia boa de que existe um tratamento para essa condição. Apesar de ainda não estar na lista de medicamentos e tratamentos fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é possível consegui-lo por judicialização. Entretanto, essa é uma jornada bastante dolorosa para a família porque é uma corrida contra o tempo. Sabemos que é uma doença que vai progredir e temos que agir rápido para não perdermos a capacidade de atuar terapeuticamente, enquanto o paciente tem poucos sintomas.", esclarece a especialista. A farmacêutica BioMarin submeteu em junho à CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) a incorporação do único tratamento disponível ao SUS e aguarda avaliação. "Por esses pacientes e famílias esperamos que o parecer seja favorável pois essa doença não espera e pode evoluir rapidamente para a morte" comenta a especialista.

No caso de F., até conseguir acesso ao tratamento, a doença teve um avanço considerável. "Antes de iniciar com a medicação, ele já não andava, falava pouquíssimas palavras e com muita dificuldade. Já não conseguia sentar e não tinha mais o controle do pescoço, além de sofrer com incontáveis crises de ausência, diariamente. Teve que fazer uma cirurgia para colocar uma sonda gástrica, pois já não conseguia se alimentar pela boca. Após a primeira dose, ele já conseguiu passar da posição de deitado para sentado sozinho, melhorou o controle do pescoço, teve uma leve melhora da fala e diminuição do número de crises. Na segunda dose, com auxílio, já conseguiu ficar de pé e dar alguns passos, mesmo que com bastante dificuldade. Também começou a ingerir alguns alimentos e voltou a beber água", comemora Marinho.

Agora na terceira dose da medicação e percebendo a melhora de F., a família está esperançosa. "Ele é uma criança incrível e tem uma vontade de viver absurda. Nós o amamos infinitamente e cada pequeno avanço que ele tem é gigante para nós. Faremos todo o possível para que consiga melhorar cada vez mais", finaliza Marinho.

Este material não tem caráter promocional e busca, unicamente, apresentar ao público em geral informações científicas relativas a doenças e/ou saúde. BioMarin não é responsável pelo conteúdo disponibilizado em site de Terceiros. Informações médicas: medinfola@bmrn.com. MMRCL-CLN2-00180. Novembro/2021

Referências
1. Biblioteca Virtual em Saúde - Ministério da Saúde
2. Claussen M, Heim P, Knispel J, Goebel HH, Kohlschütter A. Incidence of neuronal ceroid-lipofuscinoses in West Germany: variation of a method for studying autosomal recessive disorders. American Journal of Medical Genetics. Disponível em: link

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